domingo, 9 de agosto de 2015


Bate-Papo Véi de Mãozinha



“Antônio de Moura é só no registro”. É assim que se apresenta o popular ‘Véi de Mãozinha’ e que poucas pessoas além da própria família o conhecem pelo verdadeiro nome.  Foi com o apelido que conseguiu se tornar popular na cidade e vindo da Paraíba para ser três vezes legislador municipal. Conheça nas próximas linhas um pouco mais de sua história.

Infância

Nascido em 4 de abril de 1957, em Campina Grande na Paraíba, ele é o segundo filho mais velho, dos seis, do casal Mônica Souza de Moura e  Manuel Ramos de Moura (o popular Mãozinha). Com uma infância difícil entre os bairros Bodocongó e Bela Vista, cresceu ajudando a mãe em casa e o ‘Seu Mãozinha’ na marcenaria.

“Tínhamos as dificuldades, com 7 anos já vendia picolé, pegava feira e ajudava em casa. Com cerca de 12 anos ajudava meu pai marceneiro. Aliado a isso não descuidava dos estudos”, relembra.

O apelido não é exclusividade sua. Todos os demais irmãos são mais conhecidos por alcunhas. “Isso veio de Poço Fundo, terra natal do meu pai. Naquele tempo o povo gostava mais de usar apelidos que os próprios nomes. E mesmo novo o pessoal brincava comigo que parecia velho. Meu pai não tinha 4 dedos e era conhecido como ‘Mãozinha’. Daí que ficou ‘Véi de Mãozinha”, explica.

Vacas magras

Véi conta que a primeira calça comprida só pode ser conquistada aos 13 anos de idade. “Hoje é mais fácil. Crianças ai já com terno, gravata. Vai pra escola com celular, notebook... era bem mais complicado”, conta.

Pai coruja

Ciumento, o pai não costumava deixar os filhos irem muito longe. Festas raramente e, quando iam, Mãozinha ia atrás. Quando os dois mais velhos tentaram a vida em São Paulo não deu outra, o pai deixou dona Mônica com os mais novos em Campina e migrou para o sudeste do pais com os filhos, em busca de melhorias de vida.

“Fui eu e Pita. E quando pai percebeu realmente que a gente ia ele resolver ir junto”, conta. “Estamos próximo ao período de se apresentar ao exército e em São Paulo mesmo tirei meus documentos completos. Inclusive o próprio título de eleitor só transferi  muitos anos depois quando já estava morando em Santa Cruz do Capibaribe”, relata.

Na Metrópole trabalharam com o que mais sabiam: Carpintaria. “Dava até um certo dinheiro nesse período, por que tínhamos o alojamento e o salário ficava praticamente livre. Mandávamos 50% para Campina Grande e lá moramos os três juntos”, diz acrescentando sempre a ‘marcação cerrada’ do pai.

Paixão pelo futebol

Flamenguista desde criança ele acredita que,assim como alguns amigos, poderia ter seguido a carreira futebolística. Segundo o próprio bom goleiro e contou histórias dos times de várzea dos quais defendeu. Alguns até bem organizados.
“Era bom goleiro. Na Paraíba poderia ter defendido, assim como alguns amigos meus, equipes do estado. No tempo que mudei para Santa Cruz (1981) saudoso Ari era o presidente da Liga Desportiva. Fui 5 vezes convocado para Seleção de Santa Cruz”, conta.

Todo dominado 

 Em Santa Cruz fazia parte do Marion, time de Tal Chagas e do Arrudão, que pertencia a Natálio Arruda, porém o mais organizado era o Vera Cruz, onde a mãe ajudava, ele era o treinador e o pai o presidente do time.

Vida em Santa Cruz do Capibaribe

Chega em definitivo a cidade no ano de 1981, com 24 anos. Trabalhando sempre com o pai torna-se popular e após alguns anos para entrar de vez na vida pública. Ainda trabalhando na marcenaria morou na rua beira rio e logo após na famosa rua do rio.

Em pouco tempo, ‘Seu Mãozinha’ iniciou um trabalho que foi seguido por alguns anos depois. Encaminhar necessitados para médicos na cidade paraibana de Campina Grande. Véi como sempre, foi seu auxiliar.

“A saúde aqui era um caso sério. Praticamente só clinico geral e um hospital sem muita estrutura. E foi um trabalho que proporcionou conhecer muita gente e fazer também muitas amizades”, conta.

Ele conta que houve dias de serem encaminhadas mais de 50 pessoas, para hospitais e clínicas paraibanas. “Tínhamos essa facilidade de encaminhar esse pessoal. Meu pai conhecia os médicos e eu também fui pegando esse conhecimento e a forma que era feito. Saia cedo e meio dia já estavam todos atendidos ou internados”, relembra.

A popularidade principalmente entre os mais necessitados fez com que não demorasse para que amigos lhe convencesse a ingressar na política, fato que ocorreu em 1992. Primeira disputa eleitoral. 

1992 – Eleito parlamentar municipal pela primeira vez

Destaca a ajuda de Dida de Nan, nesse pleito que mesmo concorrente contribuiu para sua vitória. “A minha entrada na política foi causado justamente pelo trabalho assistencialista que fazíamos. Esse interesse da sociedade fez com que eu encarasse o desafio e tivesse 1.043 votos”, falou.

Nesse período aprofundo-se no regimento interno da Casa, leis orgânicas do município, se capacitando e fazendo oposição ao governo do então prefeito Aragãozinho, que tinha como vice José Augusto Maia.

1996 – Reeleito e governo

Com um aumento considerável em votos, Véi consegue seu segundo mandato na Casa José Vieira de Araújo. Foram 1820 votos. O mandato entre 1997 e 2000 teve à frente da gestão pública municipal o aliado Ernando Silvestre com o vice Zé Elias que bateram nas urnas Padre Bianchi e Fernando Aragão.

2000 – Nova vitória e retorno para oposição

Com a vitória de José Augusto sob Ernando Silvestre e ampla maioria na Câmara, restou para Véi de Mãozinha retornar para o legislativo sendo um dos três únicos parlamentares de oposição. Zilda Moraes e Natálio Arruda completada o trio, batizado de ‘Trio Nordestino’. “Sempre dizíamos que o importante é qualidade e não quantidade. Isso que prevalece”, diz.

Dois irmãos

O mandato é marcado ainda por uma curiosidade. Véi e Preto de Mãozinha, irmãos eleitos. Um de cada lado.

2004 – Derrota

Após os três mandatos consecutivos, a primeira derrota aconteceu em 2004. Ficando na primeira suplência.
Na majoritária, José Augusto é reeleito ao lado de Zé Elias em disputa contra Dr. Nanau e Dida de Nan. Nessa legislatura ainda passou três meses na Câmara com a eleição de Edson Vieira para deputado estadual, em 2006.

2008 – Nova queda e desistência

A última tentativa aconteceu em 2008. Eleição vencida por Toinho do Pará tendo na vice Zé Elias contra Edson Vieira e Dida de Nan. Após o resultado, entendeu que não deveria mais disputar cargo público.

2012 – Se arrependimento matasse...

Apoiador do projeto Edson Viera, eleito prefeito contra José Augusto Maia. Para Câmara de vereadores fez campanha para eleger Vânio Vieira. E trata como a maior decepção.
“Eu fiz tudo, porta a porta, nas ruas até os textos do guia eleitoral e depois nem se quer me deu satisfação de nada, nem cumpriu com o que foi acordado”, revela.

Uma topada

Militante do grupo boca-preta desde sua chegada à cidade, no início dos anos 80, por pouco não fez a travessia no período de pré-campanha, se apresentando com José Augusto em rádios para informar. “Levei uma topada. Isso acontece quando o filho é desobediente ao pai. Por isso que é bom falar as coisas pensando... Mas eu já paguei por esse deslize”, diz arrependido.

Jogo rápido

Mãozinha – Um herói 
Augustinho Rufino – Político predileto
Ernesto Maia – Se mudar a filosofia talvez seja um bom político
Dimas Dantas – Nada a declarar 
Edson Vieira – Espetacular. Um grande prefeito 
Diogo Moraes – Um batalhador
Oseas Moraes – Grande Político, uma grande pessoa
José Augusto Maia – Teve uma oportunidade e hoje é um ex-político
Zilda Moraes – Amicíssima, considero minha irmã  
Nailza Ramos – Fez o que não deveria é feito, mas é humana 
Vânio Vieira – A maior decepção que tive na política. Eleger um cara para vereador e não me pagar 
Santa Cruz do Capibaribe – Cidade maravilhosa a qual construí minha família e sou muito feliz.


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