domingo, 2 de agosto de 2015

Bate-Papo Rui Medeiros

Fisioterapeuta por formação, comissário aposentado da Polícia Civil de Pernambuco e ambientalista. Destemido por natureza, ele já foi vereador da Câmara de Santa Cruz do Capibaribe, chegando a ser inclusive Presidente da Casa. O bate papo dessa semana, recebeu Rui José Medeiros Silva onde contou de sua criancice, temos de Policial Militar e ingresso na política, pra onde não pretende retornar nunca mais.

Vida de ‘cigano’

Um dos 13 filhos do casal Maria Lúcia da Silva e Clóvis de Medeiros e Silva, ele nasceu em 23 de setembro de 1951, na Capital Pernambucana, e morou em diversos municípios de quatro estados brasileiros, até fixar-se em Santa Cruz do Capibaribe, de onde pretende sair nunca mais.

“Tive uma infância dentro da normalidade, mas nos mudamos muito de residência. Meu pai era da Polícia Rodoviária e praticamente tivemos uma vida de cigano”, conta, enumerando as cidades que passaram durante sua adolescência e juventude.

Depois da terra natal, Garanhuns, São Caetano, Belém de
São Francisco, Arcoverde e Caruaru, foram algumas das cidades pernambucanas que viveu. Na Bahia, Paulo Afonso e Glória de Santana. Na Paraíba também passou por Cabedelo, Campina Grande e João Pessoa. Além disso também morou no estado de Santa Catarina.

“Teve cidade que moramos apenas um ano, mas sempre existia a aflição de deixar as amizades pra trás”, conta.

Disciplina

Desde muito cedo disciplinado, ajudava a mãe nas obrigações de casa. Logo aos seis anos começou a lavar a farda do Colégio de forma direta.  “Nas atividades individuais eu sempre fiz minha parte, até pela quantidade de irmãos, não tinha empregada e não queria sobrecarregar minha mãe com essas coisas”, relembra.

Estudos, trabalho e...

Bom aluno e nunca tendo sido reprovado, mesmo com as mudanças constantes de colégios, Rui teve seu primeiro revés nos estudos, apenas na primeira tentativa de ensino superior. O jovem tentou e não conseguiu o curso de medicina.

“Tinha o objetivo de fazer medicina ou agronomia. Não passei em medicina, mas com a nota que obtive daria para fazer o segundo”, conta.

Foi o período em que ingressou também na polícia militar da Paraíba, em João Pessoa. O curso de Agronomia era apenas em Areia e impossibilitou sua entrada.

Tempos depois, quando mudei para o Recife, prestei vestibular novamente e passei em fisioterapia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Tive contato com paciente mesmo apenas no período de estágio”, conta sobre a profissão.

Esportes

Aliado ao trabalho na Polícia Militar da Paraíba, ele foi maratonista e garante que um dos melhores da corporação. Em disputas sempre ficava entre os três primeiros, diz ele. “Não cheguei a ser o primeiro, mas sempre disputava com segundo ou terceiro. Quando estava no Recife participei dos jogos universitários e os recordes eram meus. Hoje evidentemente mudou muita coisa. As questões técnicas são outras, a preparação e o desempenho também já são outros”, conta.

Chegou até a jogar futebol... O que poucas pessoas sabem é que Rui já foi jogador de futebol, tendo integrado a equipe do Auto Esporte da Paraíba. “Tinha estilo. Meio campo camisa dez, até fiz alguns jogos, mas não fui em frente”, relembra.

O hoje aposentado comissário da Polícia Civil de Pernambuco foi responsável pela segurança do Distrito de Brejo da Madre de Deus, na gestão de Roberto Asfora entre os anos de 2001 e 2008. Além das cidades do Agreste trabalhou também no Sertão do Estado.

No perigo diário da vida policial garante que a palavra ‘medo’ nunca fez parte do seu dicionário. Mesmo quando foi surpreendido com um tiro, numa de suas ações. “Nunca tive medo de morrer. Tinham umas ‘almas’ que viviam me ameaçando e fui realmente de encontro saber do que se tratava. Mas essa palavra medo não existe na minha frente”, fala.


Entrada na política

Pelas mãos de um amigo ingressou na política partidária e candidatou-se para a Câmara de Vereadores em 2004. Popular pelo trabalho policial foi eleito no palanque Boca-Preta.  No plano majoritário, José Augusto foi eleito, derrotando Dr.Nanau. “Tem uma pessoa que tem culpa diretamente dessa entrada na política, meu amigo Roberval Soares de Farias”, diz.

Na Casa José Vieira de Araújo, não foi apenas mais um, mas tornou-se o presidente do legislativo municipal no biênio 2005-2006. Numa estratégia do grupo situacionista, Rui Medeiros venceu a eleição e mudou de palanque.

“Foi uma jogada de José Augusto Maia. Saí dos ‘bocas pretas’ por falta de apoio, mas disse a Zé, ‘estou indo para o grupo, mas sigo a mesma linha. O que estiver certo ok, e o que estiver errado que se exploda’. Mas nunca precisei falar mal de ninguém em lugar nenhum. Saí de cabeça erguida”, revela.

Em 2008 Rui Medeiros não conseguiu renovar seu mandato. Na mesma eleição, Toinho do Pará, apoiado por Rui vence Edson Vieira.

Em 2012, Rui Medeiros fica de fora mais uma vez. Mesmo tendo mais votos que alguns eleitos, o quociente eleitoral lhe deixa de fora das 17 vagas, conseguindo apenas a primeira suplência.

“Não levo mágoa de ninguém. As pessoas escolheram aqueles que achavam melhores e eu não estava entre esses melhores”, diz sem lamentações.

Em 2014, com a mudança de partido do vereador Ernesto Maia (do PTB para o PSL), Rui poderia ter pedido seu mandato. Não o fez. “Não faria isso, nunca passou pela minha cabeça. Ernesto é meu amigo e naquele momento sabia que ele estava migrando por que seria melhor para ele. Quem tem amigos de verdade, não apunhala pelas costas”, fala.

Mesmo sendo primeiro suplente, definitivamente largou a vida pública e garante nunca mais se candidatar para cargos eletivos. “Larguei a política por que não sou político, eu não comungo para enganar as pessoas”, diz e sentencia. “Fala-se em outra vida, até nessa não serei mais candidato”.
 Jogo rápido



Segurança pública – Em Santa Cruz, uma decepção vergonhosa.

Meio ambiente – Falta consciência, principalmente de quem governa.

Ernesto Maia – Meu amigo.

Zilda Moraes – Passou na política de Santa Cruz. E por incrível que pareça houve um confronto e quem perdeu não fui eu.

Dimas Dantas – Muito competente. Mas está pagando por isso.

Edson Vieira – Esta fazendo um bom trabalho, mas tem que se ater a quem esta do seu lado. Tem algumas coisas que não estão corretas e ele vai pagar por isso.

Diogo Moraes – Meu amigo. Inclusive ele e o pai me ajudaram na campanha. Obrigado Diogo.

Santa Cruz do Capibaribe – Eu deveria ter nascido aqui. Existe uma lacuna muito grande que eu não sou cidadão santa-cruzense, mas sou de peito e alma e não saiu mais.

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